Num canto da minha casa junto as peças espalhadas pelo chão, peças essas que representam toda a minha vida... Até hoje!
Quantas vezes refiz este mesmo puzzle?
Não sei, perdi a conta!
Começo sempre pelas peças que invocam recordações felizes, as suas cores são brilhantes, alegres e com alguns toques de purpurina. As peças encaixam com tanta facilidade que me motivam a continuar.
Vislumbrando de novo o monte de peças, saltam à vista as cores mais escuras como o negro da noite, o azul do fundo do mar ou o cinzento de um dia chuvoso ilustrado agora na minha face por uma lágrima que teima em cair. Respiro fundo e estendo as mãos numa tentativa sóbria de completar esta parte da minha vida que tantas vezes tentei esquecer.
Depois de terminado sorriu, afinal não passam de recordações. As restantes peças são de um tom pastel que chega a ser guloso, como se de pequenas gomas se tratassem. Identifico-as como acontecimentos importantes que levaram às decisões tomadas na minha vida. Estas são as peças que fazem a junção de ambas as partes: a Felicidade e a Tristeza.
Ao unificar o puzzle com o objectivo de dá-lo por terminado, fico surpresa ao constactar que no centro há uma peça em falta!
Rodo sobre mim mesma, com o desespero a aflorar, numa tentaiva frustrada de a encontrar. Levanto-me repentinamente com o intuito de ter um vislumbre mais amplo do espaço.
Para minha surpresa a peça encontrava-se exactamente no sitio onde estava sentada.
Uma peça branca e reluzente que pulsava de vida, era mais pequena que as restantes e no centro uma palavra com apenas duas letras estava gravada: "EU" conseguia-se ler.
Dirigi a atenção de novo ao puzzle e tentei encaixar a peça com o objectivo de o terminar, mas não consegui!!
A peça era demasiado pequena, conclui então que ainda não era desta que acabaria o puzzle.
Havia ainda muito para viver, para aprender mas essencialmente muito...
Para CRESCER!
Fico assim à espera que a peça viva, aprenda e cresça o suficiente para um dia mais tarde encaixar e terminar o puzzle! =)
Por mero acaso o conheci!
Na altura nem me interessei,
Mas depois de muito pensar
é que pude realizar...
Que por ele me apaixonei!
Carinhoso, atencioso,
tudo o que podia desejar.
Mas não tardou a descobrir
que a seu lado não era meu lugar!
A principio não me importei,
Afinal era passageiro!
Até que... Chorei!
E descobri que era verdadeiro.
Tantos os que me quiseram,
Tantos os que fiz sofrer...
Mas só agora percebo, consigo ver:
Todos fiz sofrer,
Muitas foram as promessas esquecidas,
Histórias que nem chegaram a começar,
Histórias à partida... Perdidas!
Agora no seu lugar,
As coisas mudam de figura...
Sinto-me triste, deprimida!
Percebo como fui dura...
Outrora por todos desejada,
Hoje desejando alguém que não me quer,
Deixo para trás a criança!
E torno-me numa mulher!
Amar quem não me ama!
Ser amada por quem não quero!
É uma forma de gostar sofrida...
Sendo esta afinal a ironia da minha vida!
Sofia Santos
2004
Mais um poema escrito há alguns aninhos atrás, dedicado a uma daquelas paixões arrebatadoras que com o tempo não passam mesmo disso... Paixões! Hoje quando olho para este tipo de poemas dou conta de como a vida dá voltas e muitas vezes me questiono se não será mesmo obra do destino! Porque se no passado sofri... Hoje sou feliz! =)
A nossa existência começou com uma de nós em cada margem, margem essa que delimitava um rio chamado Vida!
Quatro anos de diferença, apenas, nos separavam... No inicio o rio Vida fluiu connosco a segui-lo paralelamente, o tempo foi passando por nós e aqueles quatro anos, distância que separava cada margem, pareciam cada vez mais ridiculos. Juntámos então a amizade e o amor que nos era comum e unimos forças! Aos poucos o obstáculo denominado rio Vida tornou-se um aliado, mantendo calmas as águas e possibilitando-nos a maior das ideias... Construir uma ponte!
No nosso lado de cada margem procurávamos materiais com que a pudéssemos construir e no fim unificá-la num todo. As dificuldades apareceram e os materiais escasseavam, no entanto, quando as forças estavam quase a desvanecer a amizade impunha-se e de novo nos sentiamos motivadas a continuar.
A ponte foi construída com sucesso, em cada lado da margem mantemos as nossas vidas, amigos, filhos, familias porém é em cima da ponte que ultrapassamos as maiores dificuldades, choramos as nossas tristezas e apoiamo-nos mutuamente.
Porque o rio Vida pode ter muitas correntes, pedras e cascatas mas nós temos uma ponte para ultrapassá-las.
Porque cada margem pode ter os seus problemas, pessoas que vão e vêm, pode até o rio galgar a calmaria na terra... Ambas sabemos que na ponte haverá sempre um apoio, um carinho... Uma irmã!!
Poderia dizer que te amo... Ou até mesmo que és das pessoas mais importantes da minha vida! Mas ainda assim seria pouco!
Mana todos nós temos os nossos momentos e tu sabes que haja o que houver eu estarei sempre aqui, este texto escrevi para ti, foi a melhor forma que encontrei para ilustrar o que no fundo é a nossa vida!
Ontem peguei num livro para ler e mais uma vez as letras não faziam sentido... Tudo estava na sua perfeita ordem: letra por letra, frase por frase, página por página. Contudo no seu todo, o livro não fazia sentido, faltavam capitulos e cenas cortadas por falta de enquadramento!
Mas não será assim a vida?
Um livro aberto onde o destino escreve o futuro?
Futuro esse incerto por omissão de certas cenas onde o destino caprichoso prefere manter o supense?
Cenas essas que podem ser cruciais e determinantes ao virar uma página da nossa vida?
É assim que me sinto: um livro aberto onde o destino escreve ao meu redor, por completo, mantendo apenas o suspense sobre mim!
O que farei? Não sei!
O que sentirei? Não sei!
Que decisões tomarei? Não sei!
Vou apenas deixar que o destino se decida a escrever o que falta de mim e aí, talvez, o meu livro fique completo!
Aí talvez me encontre num todo e deixe de ser apenas uma parte...
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